Cirurgia Bariátrica
A cirurgia bariátrica consiste em um conjunto de técnicas cirúrgicas destinadas à perda de peso e tratamento de doenças que são causadas ou agravadas pela obesidade. A decisão por esta cirurgia deve ser tomada conjuntamente pelo paciente e sua equipe médica, para que os resultados sejam satisfatórios e para que as complicações sejam evitadas.
A cirurgia bariátrica leva a perdas de peso mais significativas do que as opções de tratamento clínico e, assim, maior chance de controle de comorbidades associadas à obesidade.
Quem pode fazer cirurgia bariátrica?
A cirurgia bariátrica está indicada para pessoas com Índice de Massa Corpórea (IMC) ≥ 40 kg/m2 e para paciente com IMC ≥ 35 kg/m2 com doenças relacionadas ao excesso de peso, dentre elas:
- diabetes mellitus tipo 2
- hipertensão arterial sistêmica
- dislipidemia (alterações do colesterol e triglicerídeos)
- esteatose hepática
- artrose
- infertilidade
- apnéia do sono
- asma, etc.
Além disso, é importante que o paciente já tenha realizado tentativas de tratamento clínico previamente, sem resultados satisfatórios.
Quais as contraindicações para cirurgia bariátrica?
São consideradas contraindicações para cirurgia bariátrica:
- doença psiquiátrica ativa
- alcoolismo
- incapacidade de autocuidado ou ausência de estrutura familiar
- Síndrome de Cushing ou outras causas de secundárias de obesidade
- comorbidade grave ou descompensada que aumente significativamente o risco cirúrgico.
Quais as técnicas de cirurgia bariátrica?
Atualmente, há duas técnicas de cirurgia bariátrica que são mais utilizadas no Brasil: o bypass gástrico (Figura 1) e a gastrectomia vertical (cirurgia de Sleeve – Figura 2). A técnica de bypass gástrico consiste na redução estômago associada ao desvio do intestino. Dessa forma, o desvio do intestinal realizado no bypass reduz a absorção dos alimentos e aumenta a produção de hormônios que causam saciedade. Por outro lado, na cirurgia de Sleeve, o cirurgião reduz o tamanho do estômago de forma que ele fique com aspecto semelhante a um tubo, proporcionando maior saciedade.

Figura 1: Esquema representativo do bypass gástrico, evidenciando redução do volume do estômago e desvio do trânsito intestinal. Técnica mista (restritiva e disabsortiva)

Figura 2: Esquema representativo da gastrectomia vertical (cirurgia de Sleeve), evidenciando exclusão de parte do estômago, permanecendo pequena região em forma de tubo. Técnica restritiva.
Figura 2: Esquema representativo da gastrectomia vertical (cirurgia de Sleeve), evidenciando exclusão de parte do estômago, permanecendo pequena região em forma de tubo. Técnica restritiva.
Como é realizada avaliação antes da cirurgia?
Antes de realizar a cirurgia, o paciente deve passar pelas seguintes avaliações:
- avaliação endocrinológica
- avaliação cardiológica
- avaliação psicológica ou psiquiátrica
- avaliação nutricional
Vale ressaltar que, mesmo antes da cirurgia, a adoção de hábitos saudáveis é recomendada e benéfica para o procedimento cirúrgico. Assim, os pacientes são incentivados a controlar suas comorbidades, ter uma alimentação saudável, cessar tabagismo e iniciar o processo de perda de peso.
Como deve ser o acompanhamento após a cirurgia?
Nos dias que se seguem a cirurgia, o paciente deverá seguir as etapas de adaptação alimentar que são orientadas por um nutricionista (dieta líquida, pastosa, branda e normal).
Além disso, o paciente deverá realizar acompanhamento médico regular para monitoramento e ajuste de doses de suplementos e vitaminas, que são sempre indicados em pacientes que realizaram cirurgia bariátrica. As principais vitaminas que devem ser suplementadas são: vitamina B12, vitamina B1, vitamina B6, vitamina D, cálcio e ferro. Cada paciente, a depender da idade, gênero e avaliação laboratorial, terá sua suplementação individualizada. Algumas dessas vitaminas precisam ser repostas por via intramuscular ou intravenosa, porém a maioria delas é suplementada por via oral.
Quais as complicações da cirurgia bariátrica
As técnicas atuais permitem que a cirurgia seja realizada com alto nível de segurança. Porém, há complicações que podem ocorrer. Dentre às complicações cirúrgicas, temos: hemorragia, fístulas ou deiscências de anastomoses, estenoses (estreitamento) de anastomoses, úlceras e hérnias. Além disso, após a cirurgia, são tomadas medidas para reduzir risco de trombose (anticoagulantes e meias compressivas).
Dentre às complicações clínicas, temos:
- deficiências vitamínicas
- aumento do risco de doenças como a osteoporose
- síndrome de dumping: sensação de mal estar que surge quando o paciente ingere alimentos muito ricos em carboidratos ou gorduras. Aproximadamente 30 minutos após a ingestão destes alimentos, o paciente sente palpitação, náusea, sudorese, diarreia e tontura.
- hipoglicemias: queda dos níveis de açúcar horas após o paciente ingerir alimentos de alto índice glicêmico (exemplo: bebidas adoçadas, doces, bolos etc). Pode ser tratada com ajuste na alimentação e, eventualmente, medicações.
É possível engravidar após a cirurgia bariátrica?
Para mulheres que se submetem à cirurgia bariátrica, é indicado aguardar entre 18 e 24 meses após a cirurgia para engravidar. Por isso, antes desse período, a mulher deve usar métodos contraceptivos regularmente. Dentre os mais indicados, estão o DIU (Dispositivo intra-uterino), anel vaginal e anticoncepcionais injetáveis, além de métodos de barreira (preservativos). Os anticoncepcionais orais podem ter sua absorção comprometida após a cirurgia bariátrica, por isso pode ter sua eficácia comprometida e não deve ser usado como primeira escolha.
O tratamento ideal deve ser individualizado e definido após uma avaliação médica criteriosa.
Consulte um endocrinologista
Fonte:
Consenso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
Guia para entender o tratamento com cirurgia bariátrica e metabólica. Ebook. Departamento de Cirurgia Bariátrica da ABESO
FAQ
Os principais riscos da cirurgia no pós operatório são trombose, hemorragia e fístula. Atualmente, os riscos são bastante reduzidos com uso de profilaxias e com equipe médica experiente.
Não há peso mínimo. O que deve ser avaliado é o Índice de Massa Corporal (IMC), calculado pela fórmula (peso)/(altura em metros)2. O paciente candidato à cirurgia bariátrica deve ter o IMC mínimo de 40 ou 35 (caso tenho alguma comorbidade relacionada ou agravada pela obesidade).
O paciente costuma receber alta hospitalar entre 1 e 3 dias após a cirurgia.
Sim, todo paciente que faz cirurgia bariátrica deve ter suas taxas de vitaminas e minerais acompanhados para suplementação adequada pelo resto da vida.